QUANDO A VIDA
LHE PEDE UM TEMPO...
Pronto! Aconteceu.
Quando menos esperávamos, surgiu o acidente,
O imprevisto, a
doença, o sofrimento pela perda de um ente querido.
A provação da
carência, um relacionamento perdido... A desilusão.
E, de inopino a vida nos
fez parar, na verdade, nos veio abençoar
Com a dádiva de um
tratamento, deixando em nós a descoberto
O tempo... Muito
tempo.
Quando a correria do
mundo de hoje, mundo tumultuado e complexo,
Nos requer mil e duas
coisas a realizar,
Providencias sempre urgentes
a tomar,
Quando sequer nos
permitimos deixar a oportunidade
Aparecer... Quando a
nossa rotina tão certinha, tão segura... Tão acomodada,
Simplesmente nos
impede de melhor perceber, pensar, criar, inventar, reconsiderar, avaliar,
refletir, renovar nos nossos caminhos que muitas vezes deixamos inconscientemente
à deriva...
Quando assim,
alienados do prazer de servir,
Do apenas sentir,
Apenas ser
Apenas viver
As coisas belas da
vida... Um sorriso de uma criança que nos saúda,
O carinho de um
velhinho...
Uma flor que
desabrocha, um por do sol, um lindíssimo cristal iridescente,
Que mora dentro de
uma gota d’água que após o sereno lentamente se espraia
Banhando-se
preguiçosa na luz do sol,
Doando-se majestosa à
serenidade transformadora que de si permite-se fluir,
Quando de repente nos
vemos um pouco mais a sós...
Veja: aí então a
misericórdia de Deus em nós
Se torna ainda mais presente,
calorosa, aconchegante, ardente
Vislumbrando-nos
novos horizontes, lindíssimos arco-íris... Nos permitindo o desenvolver de altruístas
disponibilidades, de virtudes,
De capacidades, de habilidades
Que dantes estavam
apenas adormecidas...
Olhe! É quando chegam
as oportunidades! É quando novas portas se abrem!
Oportunidades que de
certa forma atraímos para nós mesmos...
Aí vem a chance de
nos amar, nos curar, nos reavaliar, nos refazer,
Nos ressignificar,
ressignificando nossas vivências,
Nos autoconhecer seja
num leito de hospital ou no carinho do lar.
Lar que sempre rico,
nos traz mil aprendizados,
Quando assim podemos,
como nunca fizemos antes,
Ver-entender melhor
as pessoas... Sentir melhor quem de nós são caros...
Quando assim Deus nos
guia, os anjos nos embalam e elevam nossa consciência.
Quando assim podemos
meditar, instruirmo-nos, repensarmo-nos.
Quando assim podemos
parar e ver, sentir e dizer à nossa consciência:
Meu Deus, qual a
lição que essa situação me quer transmitir?
O que preciso mudar
para me redimir?
Do tempo em vão que
gastei, do pão que recusei,
Do excesso de
atividades que me ocupei,
Do meu intruso ego
que exaltei
Do pouco tempo que às
pessoas que amo, dediquei...
Do morador de rua que
não enxerguei?
O que preciso
enxergar agora, Meu Deus?
Deus, que nunca nos
desampara, que sempre esteve conosco,
Que nos momentos fáceis
ou difíceis e nas vicissitudes nos prova,
Nos dá força, nos
proporciona aumentar nossa fé,
Desenvolver e criar
novas esperanças,
Através do sadio
repouso, da bonança
Que nos permite entrar
em contato com nosso silencio...
E neste nosso interior
templo de serenidade,
Podemos sentir a
abençoada saudade
De um tempo que já se
foi, saudade até do futuro!
Mas que é no aqui
e agora que devemos viver!
Saudade de alguém que
muito amamos,
Da criança que um dia
fomos,
Saudade profícua que
vem lapidar
Nossos sentimentos,
Nossos pensamentos,
E mesmo mitigar nosso
sofrimento.
Que agora nos pedem a
concessão
Do incondicional
perdão...
Perdão para tudo e para
todos
Que magoamos ou que
fomos por eles magoados
Mas que por dádiva
divina cruzaram nossos caminhos,
Desde o mundo, desde
nossos ninhos!
Quando em desabalada
carreira,
Quando da vida e da
morte à beira,
Nossos olhos se
fecham ao esplendor da vida
Nossos ouvidos deixam
de ouvir a canção das brisas,
Nossa boca não fala o
essencial...
Aí precisamos confiar
nos sábios processos que a Vida nos traz,
E nos convida à
refletir, a vigiar, a orar... A rogar a Deus nova chance...
A entregar ao Pai
nossos problemas, nossas lágrimas sentidas,
A olhar para dentro
de nós mesmos, tesouro incomparável.
A reviver, a permitir
desabrochar em nós
Novo alento, novos arrebóis.
No contato harmonioso
e íntimo com a Natureza...
Ver do sol, das
estrelas, da lua, a infinda Beleza
Que nos traz a viva
certeza,
De que tudo haverá de
passar!
De que tudo pode
mudar.
Mas que só Deus
permanece,
Em nosso coração como
uma Infinita Prece,
Ou a mais linda
cósmica Poesia
Para alcançarmos a Sabedoria
Do nosso Eu Maior,
nossa Alma Eterna
Que nos solicita,
implora e nos incita
A realizar aqui e
agora
O que precisamos
verdadeiramente fazer do dom maravilhoso
Que nos foi
presenteado,
O dom de nossa vida!
Que de forma alegre
ou sofrida,
Nos oportuniza sempre
alçar lindo vôo aos Céus de nosso Espírito.
E qual linda fênix,
Elevarmo-nos à bem-aventurança
e paraíso do nosso Ser.
Quando a Vida nos
pede um tempo...
Dê um tempo à própria
vida !!!
Para estacionar e se refazer...
Para na cárita-ação te
engrandecer.
Para afiar nossos
instrumentos.
Para novamente
encontrarmos O Caminho,
Dos anjos humanos que
nossa alma deseja ser.
E nos calcarmos mais
fundo na Realidade,
Na essencial Felicidade.
Mesmo na desilusão
que nos atenta ser
Seres mais úteis,
operosos,
Seres mais amorosos,
Seres mais sábios,
Seres de Luz,
Seres em Deus.
Seres em Jesus!
E enfim, quando a
dinâmica da vida ou da morte chegar
Veremos aqui ou em
qualquer lugar
Que tudo o que fizemos
aos outros
Em verdade foi a nós
mesmos que fizemos.
Quando a vida lhe
pede um tempo...
A vida lhe pede
rumos!
E eis a hora de
agradecer!
Eis a hora de
crescer!
Eis a hora de ampliar
Nosso amar.
Nossa fraternal comunhão
Com Deus, com o
incondicional Amor
Que fará feliz nosso
coração
Em prece-vida, em vida-oração
Unindo-nos ainda mais
a Deus
Vendo Deus em todos
os seres...
Vendo Deus em cada
irmão.
Ivanildo Falcão da Gama
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